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Os textos aqui publicados são de responsabilidade de seus autores e correspondem ao ponto de vista pessoal de seus responsáveis, sejam ou não resultado de estudos.

domingo, 20 de abril de 2014

Analisando o Jesus dos espiritólicos

Embora pensem estar seguindo uma ciência, os espiritólicos, seguidores da forma deturpada de Espiritismo praticada no Brasil, se parecem muito com os fiéis de outras religiões, acreditando e defendendo absurdos tão alucinantes quanto qualquer lenda contada na Idade Antiga. 

E não é de surpreender que o conceito de Jesus defendido pelos espiritólicos também seja delirante. Há alguns avanços, pois mesmo os espiritólicos não admitem alguns mitos sobre Jesus. Mas mesmo assim o Jesus defendido pelos seguidores do católico da gema Chico Xavier, está muito longe do Jesus real, ainda oferecendo uma mitologia diferente da tradicional, mas mesmo assim, mitologia.

Vou tentar analisar os mitos mais importantes, vários ainda aceitos pelos espiritólicos e tentar comentar usando a lógica e o bom senso. Ainda não é uma visão definitiva, já que ainda não encontramos provas de como foi Jesus. Me limito a dizer que acredito em sua existência porque os criadores do mito eram incapazes de acreditarem nas ideias lançadas por Jesus, um revolucionário que estava 2000 anos a frende de sua própria época. Um revolucionário até hoje ainda não compreendido.

Vamos a alguns dos mitos (em negrito) e aos comentários abaixo deles.

- Jesus era um espírito puro - Há controvérsia quanto a isso até mesmo entre os verdadeiros espíritas. Os espíritos que participaram dos estudos com Kardec se limitaram a dizer que Jesus era o espírito mais evoluído que esteve na terra, mas não há menções sobre o fato dele ter sido puro. 

É pouco ou nada provável que ele tenha sido, pois o planeta se encontrava na época de Jesus no estágio entre o primitivismo e a condição de "provas e expiações", da qual entrou definitivamente agora. Espíritos puros não reencarnam em planetas primitivos. 

Mesmo assim, Jesus tinha a evolução espiritual muito superior aos da Terra e veio na condição raríssima de missionário, não por envio divino (não existe messianismo - missionários vem por interesse ativista), mas por interesse próprio em evoluir a humanidade, o que caracteriza a sua superioridade. Prefiro defini-lo como espírito superior. É mais seguro.

- Jesus era branco, magro, lindo, com padrões europeus - Houve uma necessidade nos tempos medievais, onde a Europa era o centro do mundo, de colocar em Jesus uma aparência europeizada. Apesar de se parecer com os ricos de então (talvez seja esse o objetivo - afinal ele era considerado um líder), foi mantida a contraditória condição de pobre para que os excluídos se mirassem nele como exemplo de superação material. 

Isso não faz sentido, pois Jesus teria que ter aparência árabe e teria que ter um físico que fosse condizente com o fato de ser um andarilho, caminhando léguas sob um sol escaldante. 

Há espiritólicos que discordam da aparência europeia de Jesus, mas essa aparência ainda é bastante cultuada pela maioria dos seguidores da versão deturpada, muito por causa da influência católica, forte no Espiritolicismo. A foto do ator Jared Leto que ilustra esta postagem é coerente com a visão católica da aparência atribuída a Jesus.

- Jesus era enviado de Deus - Como eu falei antes, não existe messianismo, quando um espírito é enviado como se fosse um soldado para reencarnar e servir de mestre para multidões. Ninguém envia ninguém e acreditar no messianismo exige a crença no Deus humanizado (o velhinho de barba). Espiritolicos adoram o messianismo. Acreditam que não somente Jesus, mas todos os seus totens sejam enviados de Deus, mesmo que difundam erros e mentiras, tidas como dogmas verdadeiros, mas misteriosos, pelos seus adeptos.

O que acontece é que existem espíritos mais desenvolvidos intelectualmente que se interessam em se servir como orientador e essa necessidade lhes atrai e acabam reencarnando com o interesse em educar as massas, pois acredita fielmente na solidez de suas ideias,na lógica e no bom senso. Jesus era assim e mesmo incompreendido, conseguiu que suas ideias, totalmente de acordo com a lógica pudesse resistir por tanto tempo.

Quanto as teses que dizem ele ter sido "filho unigênito de Deus" ou o "próprio Deus encarnado", isso está superado até para os espiritólicos, pois soam muito absurdas de acordo com o mais superficial  dos raciocínios lógicos, permitindo uma série de contradições questionáveis.

- Maria era militante na causa de Jesus e por isso, também um espírito puro - Embora sabiamente ignorada pelos espíritas verdadeiros (os tais "ortodoxos", como eu), ela é ainda muito cultuada pelos espiritólicos, a ponto de ser considerada um espírito puro, de grande elevação. Um espírito sério alertou que o fato de ter gerado Jesus não garante a superioridade espiritual de Maria. 

E mesmo a tradição religiosa deixa claro que Maria nunca concordou com a militância de Jesus, preferindo que ele seguisse a carreira profissional de José, seu pai material. De fato nada de relevante fez Maria para ser considerada a "mãe da humanidade", como é hoje, o que prova que a sua inserção no Espiritolicismo é mais um dos muitos enxertos católicos colocados na forma deturpada da doutrina.

- Jesus nasceu da "virgem" e não tinha pai encarnado - Deus não escolhe filhos favoritos. Se para a humanidade é imoral dar preferência a um filho em relação a outro, porque Deus poderia ter preferência. Se Jesus tivesse que nascer de forma diferente dos outros, é porque ele era o "preferido" em relação ao resto da humanidade.

Houve um erro de interpretação. Sexo não é feio, senão Deus não teria criado. O que fazem com o sexo é que é feio. Maria era virgem até a relação que gerou Jesus. José era seu pai de fato (estranho que a aparência europeizada de Jesus era similar a de José) e não há nada de ruim nisso. A ideia do "espírito santo" é que todos somos espíritos sem corpos antes de "nascer", e é nesse sentido que a palavra citada significa. Estranha mesmo é a versão dada pela bíblia, surreal e ofensiva, pois trata Deus como um mágico. Além do que a partenogênese (gravidez gerada sem os gametas masculinos, comum em certas espécies de insetos) nunca teve um caso humano relatado.

Felizmente o dogma da gestação virginal de Jesus parece superada entre os espíritólicos. Mesmo ainda cultuando Maria, reconhecem que ela não é a "virgem" e que o fato de ter se relacionado com José foi um ato bonito, sem qualquer tipo de malícia e que serviu para fortalecer o amor maternal que ela sentia ao seu filho, mesmo não concordando com sua militância.

- Jesus como salvador da humanidade - Embora os religiosos se assumam como "servos de Jesus", na prática, Jesus é que é tratado por servo. E dá-lhe "Jesus me ajude!", "Jesus me socorra!", "Jesus, Jesus, Jesus!". Se esquecem que Jesus não veio para salvar ninguém e que ele na verdade era um grande ativista social e professor da humanidade e que o que irá nos salvar é a assimilação de suas lições e de seu exemplo.

A crença de que ele foi crucificado para nos salvar foge de qualquer lógica. Jesus morreu pro motivos políticos, pois era um ativista e suas frases foram muito mal interpretadas pelos imperadores da época, que pensaram que jesus queria tomar o lugar deles. Por isso deu o que deu.

- Os superpoderes de Jesus - Coerente com o falso mito de "salvador", ele teria que ter superpoderes. Até hoje não muito bem explicados, na verdade seriam capacidades mediúnicas e faculdades psico-espirituais que eram coerentes ao seu nível evolucional. Mas a igreja os transformou em superpoderes para fazê-lo de uma espécie de "super-herói", para que pudesse ser solicitado nas horas de aflição. De qualquer forma, o que eu mais admiro em Jesus não são essas faculdades e sim o seu intelecto surpreendentemente rápido e observador e as suas análises inquestionáveis.

Os espiritólicos, que ainda acreditam no "Jesus Salvador", gostam desses superpoderes e até atribuíram outros superpoderes a Chico Xavier, como se isso fosse uma característica de superioridade.

- Evolução em "linha reta" - Alguns espiritólicos já contestam este mito, mas ele ainda é bem forte no meio da deturpação doutrinária. Para quem não sabe, a teoria de "evolução em linha reta" de Jesus, significa que Jesus não reencarnou, tendo sido criado puro desde o início. Isso seria um privilégio, incoerente com o amor e a justiça de Deus. 

Para chegar onde chegou, Jesus teve que reencarnar muito, para poder ter todo o repertório de aprendizagem de que lhe foi útil na experiência terrena. O que pode ter acontecido é que era a sua primeira reencarnação na Terra, já que a humanidade estava praticamente em seu início histórico. 

Muitos espiritólicos não acreditam nesta tese, embora haja quem acredite.

- Jesus não teve corpo - Se esta tese estivesse certa, Jesus era um farsante e sua doutrina perderia força, pois o seu sofrimento foi um exemplo de até que ponto uma pessoa pode sofrer por contestar o sistema. O sofrimento de Jesus foi real, assim como todos os seus atos, e para isso ele teria que ter reencarnado, tendo um corpo comum, pois a sua missão exigia que isso tivesse que ter acontecido. 

A FEB recomenda a crença na não-reencarnação de Jesus, tese defendida por Roustaing, patrono da instituição. Mesmo assim, há muitos espiritólicos que não aceitam esta tese, preferindo acreditar que ele reencarnou várias vezes, incluindo a chegada ao Planeta Terra, para passar pela experiência que tradicionalmente conhecemos.

- Jesus fundou o Cristianismo -  Em primeiro lugar, Jesus não quis criar nenhuma ideologia. Muito menos uma religião. Jesus era um ativista social e político e na verdade queria apenas educar as pessoas, o que já é muito. O Cristianismo foi criado pelos seus adeptos, mas deturpado pela Igreja Católica, que criou a versão ficcional de Jesus que conhecemos até hoje.

Espiritólicos ainda estão meio confusos quanto a isso, preferindo acreditar que ele "fundou o Espiritismo", realizando supostamente o "primeiro culto ao Evangelho no Lar", o que é uma tolice sem sentido, se analisarmos todo o contexto da época.

- A Ressurreição de Jesus - Historiadores são quase unânimes em dizer que Jesus nasceu na época que é atribuída a Pascoa. Sua morte corporal aconteceu de fato e ela não ressuscitou. O que houve é que seu espírito se materializou diante dos que o viram, sendo mais uma de suas faculdades psico-espirituais. Não sei explicar se houve ou não e como foi a tampa movida de seu túmulo.

Os espiritólicos concordam com o que apresentei e percebem que a "ressurreição" foi na verdade uma materialização. A química comprovou que a volta ao mesmo corpo é impossível e boa parte dos casos de "ressurreição" na verdade são casos de letargia e catalepsia, onde o corpo, ainda vivo, fica inativo, o que poderia ser o caso de Lázaro e não o de Jesus, que morreu de fato.

Boa Páscoa a todos. Mesmo que ela seja somente mitológica.

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