Ginástica cerebral para defender tolices

Que o Espiritismo é de fato uma doutrina de fé raciocinada, relacionada com pesquisas científicas, isso é. Mas não essa balbúrdia que atende por esse nome que se consagrou no Brasil. Há sim a pose de "fé raciocinada", até para dar verniz de "inteligente" a muitas besteiras irracionais que espíritos mistificadores, pseudossábios, inserem na doutrina.

E tem muita gente que na tentativa de defender o adorado obsessor que creem ser um verdadeiro guia espiritual, começam a inventar teses pseudocientíficas para tentar explicar alguns absurdos anti-kardecianos que, por serem sedutoramente fantásticos, tem a adesão maciça dos que se assumem "espíritas". Até porque criam uma confiança cega e até um afeto forte por esses pseudossábios, dotados de um prestígio que não merecem ter.

Perambulando pela internet, já que eu, respeitando as origens doutrinárias, pesquiso muito antes de aceitar qualquer coisa, encontrei muitos textos pseudo-científicos tentando provar as teses absurdas cuja inviabilidade podem ser provadas facilmente em vários textos nos livros de Kardec. E encontrei teses muito bem escritas, com linguagem de aparência científica, tentando provar a veracidade dos seguintes absurdos, todos comprovadamente errados e impossíveis:

1 - de que Chico Xavier é a reencarnação de Kardec;

2 - da existência das "crianças índigo";

3 - da existência de Publio Lentulus como senador no tempo de Cristo (algo que nem os católicos aceitam);

4 - de que o Emmanuel da codificação é o mesmo que "guiou" Chico Xavier.

Se continuar pesquisando, encontrarei outras bobagens. Além dos textos na internet, as teses citadas já foram publicadas em livros, daqueles bem duvidosos. Contra-atacando as teses ditas acima, nem preciso de muito texto prolixo, rebuscado ou pseudocientífico para provar que são falsas:

1 - Chico Xavier nunca foi Kardec. O médium mineiro era espiritualmente muito inferior ao mestre lionês e não guardava nenhum traço de personalidade do fundador do Espiritismo. Há divergências graves entre as teorias defendidas por cada um;

2 - As "crianças índigo" fazem parte de uma bobagem criada por dois desocupados americanos, com auxílio de um espírito obsessor. Não há sinais disso na terra, e o que se observa na prática é o contrário, o aumento de nascimento de espíritos atrasados intelectualmente;

3 - Públio Lentulus foi uma desculpa dada pelo padre Emmanuel, obsessor de Chico Xavier, para dizer que viveu no tempo de Cristo e usar isso para dar mais credibilidade às suas palavras. Historiadores sérios não encontraram vestígios reais do mítico personagem nos relatos históricos. Há provas de que Públio Lentulus nunca existiu;

4 - Emmanuel, aliás, não tinha a evolução espiritual para participar da codificação. Há quem diga que ele estava encarnado quando a codificação foi feita. O Emmanuel da codificação era meramente um xará. Dizer que o Emmanuel da codificação é o que manobrou Xavier é o mesmo que disser que o Padre Marcelo está escrevendo esta postagem. Eu também sou Marcelo, mas muito longe de qualquer relação com o famoso padre-cantor (de quem não tenho a mínima admiração).

Porque muita gente continua a escrever teses muito bem escritas para defender absurdos? Simples. O medo de líderes, de espíritos, de santos, de Deus, herdado do Catolicismo, ainda segue vivo e forte no Espiritolicismo. Na opinião de quem os defende, são "mestres" e "sábios" que merecem ser ouvidos e qualquer oportunidade de forjar a sua superioridade é aproveitada sem medir qualquer esforço.

Mas o discernimento, a pesquisa, o conhecimento correto dos fatos, pões essas teses abaixo e desmascara esses obsessores zombeteiros que querem impor sua crença pessoal travestindo de falsa ciência. O Espiritismo precisa avançar e a influência desses pseudossábios só tem atrapalhado, criando grandes travas na evolução social e enclausurando a doutrina num igrejismo atrasado que só fazia sentido na Idade Média.

Nos libertemos desses obsessores sempre duvidando, questionando e pesquisando para que nunca aceitemos essas mentiras como fatos e entendamos tudo errado, sendo enganados achando que estamos muito bem protegidos por seres muito piores que qualquer bandido encarnado, já que a invisibilidade lhes facilita as ações ilícitas que tanto nos prejudicam.

Como diz Descartes, uma das influências de Kardec: a dúvida é o caminho mais fácil para a verdade.