OBSERVAÇÃO IMPORTANTE:

IMPORTANTE: Este blogue não tem a pretensão de ser um site científico e nem de ser uma fonte para estudos. Apenas lançamos as questões e estimulamos o debate e a análise, servindo apenas para ponto de partida para estudos mais detalhados. Para quem quiser se aprofundar mais, recomendamos a literatura detalhada das obras de Allan Kardec - principalmente "O que é o Espiritismo" e visitar fóruns especializados, que não façam parte da Federação "Espírita" Brasileira.

Os textos aqui publicados são de responsabilidade de seus autores e correspondem ao ponto de vista pessoal de seus responsáveis, sejam ou não resultado de estudos.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Divaldo Franco mentiu?

 
Dia 21 de dezembro de 2012 foi a data supostamente escolhida para que o mundo, ou pelo menos o conjunto de toda a humanidade, fosse exterminado. Nada aconteceu, estamos em 2013 e já que na verdade, a suposta previsão se revelou um erro de interpretação dessas previsões. Parece que os maias ou estavam se referindo a outra data, ou ao fim de um ciclo.

E esta segundo hipótese é bem entendida pelos espiritólicos. Para os místicos, não haveria fim do mundo e sim uma transformação, que impulsionaria o desenvolvimento intelectual e moral (só que "de bandeja", assim, fácil, sem esforço). Os espiritólicos foram na onda e certamente comemoraram muito o 21/12/2012, acreditando estar em nova fase espiritual planetária.

Divaldo Franco, principal "líder espírita" após Chico Xavier (e sucessor deste, apesar de algumas divergências), sempre foi um entusiasta dessa tese. Mesmo que enrole alterando as datas, sempre acreditou que a transformação do planeta estava acontecendo desde muitos anos, embora eu particularmente não veja nenhum sinal desta evolução, acontecendo ou se preparando para acontecer. Quem tem bom discernimento sabe que em todos os setores, tudo está piorando na humanidade, o contrário que se esperaria se as previsões defendidas por Divaldo estivessem certas.

Não vamos ser catastrofistas, mas também não sejamos misticos. O mundo não acabou, é verdade, mas também não se transformou. A chamada "Era de Aquário" não passa de uma piada. Não existem crianças índigo e espíritos atrasados moralmente, e mais ainda intelectualmente, continuam reencarnando por aqui.

Não existe indício de grande evolução humana. Ela só acontece na tecnologia, no funcionamento das máquinas. A esperada transformação não só foi uma farsa como não dá sinais de que irá acontecer em datas próximas. Espíritos não marcam datas e se Divaldo acha que a transformação acontecerá em dia certo, ele está muito enganado.

Se fosse só ele o enganado, tudo bem, mas acontece que ele continua difundindo seu enganos por palestras mundo afora. E segue aplaudido, com gente absorvendo suas teorias fictícias como se fizesse parte da codificação kardeciana, o que é um absurdo. Se todos lessem Kardec saberiam que boa parte do que é dito por Divaldo em suas palestras é pura fantasia.

E a maior de suas fantasias é acreditar e difundir que estamos avançando em nossa caminhada espiritual. Avançamos sim, mas muito pouco. Insuficiente para ser considerado uma transformação. 

Divaldo e outros médiuns e palestrantes do chamado Movimento Espírita brasileiro deveriam assumir que integram outra religião e parem de falar em nome de Kardec sem conhecer os pensamentos do mestre de Lion. Até porque, para se ter uma ideia, somente o Livro dos Médiuns, acabaria com 90% de tudo que se afirma sob o nome de "Espiritismo" em nosso país.

Divaldo, para de divulgar sobre aquilo que você não conhece. Se limite a difundir aquilo que sabe.

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OBS: Para quem não entendeu a piada da figura que ilustra esta postagem, é só clicar neste link. E façam isso tendo um remédio contra enjoo ao seu alcance, pois o texto do link tem fantasias irracionais para entortar a a cabeça de qualquer um que tenha o mínimo de discernimento.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Chiquismo - a doença infantil do Espiritismo

NOSSO COMENTÁRIO: Apesar de tido como o "homem mais bondoso do mundo", Chico Xavier fez um grande mal a humanidade deixando publicar as distorções dogmáticas cheias de mentiras e fantasias, impedindo a evolução espiritual da coletividade, enganando a todos e fazendo essa besteira que acabou se transformando na versão brasileira da doutrina: dogmática, fantasiosa, sincretista e equivocada. Que grande mal o falecido médium fez, em emperrar a evolução intelectual da humanidade!

Chiquismo - a doença infantil do Espiritismo
Por Randolfo - Extraído da comunidade Eu sou Espírita - Espiritismo

O título é uma paródia a uma grande obra de crítica ao esquerdismo em detrimento do socialismo. E também nem guarda real proporção, pois o Espiritismo não gera nenhuma doença - os espiritualistas que se dizem espíritas é que fazem isso.

Temos observado a derivação do movimento dito "espírita" no Brasil na direção contrária às recomendações da codificação e mesmo as particulares de Kardec. O Espiritismo no Brasil não se orienta, na prática, pelas obras codificadoras e sim pelas obras de um único autor - Chico Xavier.

Infelizmente, esse autor não prezou pelos aspectos cientificos ou filosoficos do Espiritismo, preferindo enveredar por um caminho roustanguista fácil, o do religiosismo místico. E como a FEB privilegiou esse autor que tão bem serviu aos seus propósitos (vide "Conscientização Espirita", de Gélio Lacerda).

Nós temos um companheiro que costuma dizer que o problema não é o que se lê e sim o que se faz com o que se lê. A derivação religiosista, visando implementar uma verdadeira instituição religiosa no meio espírita, é mais fácil de ser seguida e compreendida, pois não requer maiores reflexões, tanto como também não estimula investigações, aferições. Mas, a culpa é de quem lê e não compara com a codificação, pois a codificação tem "linguagem dificil", ou é "muito complicada", nos dizeres de muitos que se dizem "espíritas".

Foi instituida, então, uma ditadura no meio espírita - o "chiquismo". É uma ditadura, pois foi massificada e assimilada pela maiora e absolutamente quase não há foruns de debate sobre ela. Nota-se: em lugar NENHUM, seja congresso, seminário, simposio que sejam "espiritas", abre-se espaço para se questionar NENHUMA obra de Chico Xavier. Muito pelo contrário - quem contesta esse autor é segregado, atacado e humilhado.

Não há como deixar de avaliar que o chiquismo possui instrumentos próprios para sua manutenção: tem base literária, coerência com seus principios místico/religiosa e uma vasta rede de instituições, tanto como editoras e midia que o suporta.

Conforme verificamos que o eixo de compreensão do Espiritismo, segundo esse movimento, move-se exclusivamente na direção das obras de Chico Xavier e considerando o detrimento em que passa a se situar a codificação espirita, tanto quanto as clarissimas contradições existentes, eis que temos, agora, de fato, a instituição de uma religião. Mas, não se chama Espiritismo, pois não se torna uma religião o que não se é.

Inaugura-se no Brasil o "Chiquismo", uma religião sincrética, que por mera questão de marketing intelectual assume as feições do Espiritismo, sem o ser.

Nota-se que mesmo os autores que seguem essa tendência são sempre ofuscados pela pressão desse grupo, que substituiu Roustaing (que a maioria estranhamente alega nem conhecer...) por Chico Xavier. Kardec ficou absolutamente em segundo plano.

Nota-se como no meio espirita se homenageia o citado autor, como se lhe enchem de julgamentos morais, enquanto o codificador do Espiritismo jaz esquecido. Nunca é citado como exemplo moral (alguém mais notou isso?), nunca é citado como exemplo intelectual (também notou-se isso?). Aliás, Kardec nunca é citado como modelo de espírita. Para os chiquistas, modelo de espírita é quem contradisse o Espiritismo - Chico Xavier.

Nós, defendores do Espiritismo, precisamos amadurecer e aceitar os fatos: há uma religião, ela é majoritária e o culto à personalidade é prepondeante. E não se pode ignorar a comparação com os iniciantes anos do cristianismo: os ensinamentos de Jesus foram logo deturpados e ele, que não fundou religiao nenhuma, viu seu nome ser utilizado para desvios absolutos, que culminaram até na perda de vidas.

E hoje Kardec é utilizado apenas de fachada para agredir-se justamente quem defende seus ideais...

A realidade impõe aos espíritas (uma classe bem mais minoritária do que imaginamos) não o combate a essa seita chiquista, mas o esclarecimento ao nosso povo.

A função do Espiritismo é o esclarecimento. Nosso dever é prosseguir nisso. E como se faz? Divulgando a codificação e fazendo principalmente o que Chico Xavier nunca fez, nem tampouco seus defensores: BUSCAR A VERDADE.

Enquanto assistimos a essa nova seita afirmar que os dizeres desse autor são verdades absolutas, não assistimos à busca pela verdade, mas seremos cumplices se ficarmos parados.

A luta pelo propriedade da expressão "Espiritismo" não existe e nem pode existir. A luta pela verdade, sempre.

Queremos a verdade, queremos as obras mediunicas submetidas a aferição, queremos a investigação dos fenomenos espirituais, queremos fazer novas perguntas para obtermos novas e verdadeiras respostas dos espíritos superiores. Queremos o Espiritismo nos ESCLARECENDO e isso somente se dá por meio de informações fideldignas. O fanatismo em prol de uma unica pessoa, um unico espirito, um único autor continua possuindo as mesmas caracteristicas em todas as eras e momentos históricos. Quem seguia Hitler, por exemplo, o considerava infalível...

O Chiquismo não precisa ser combatido. É mais uma religião e nada mais, perdida no meio de tantas outras - e a mais inexpressiva, pelo número de pessoas que a adotam. Enquanto evangelicos, que eclodiram somente a partir dos anos 60 no Brasil, hoje são metade da população do país, o Chiquismo, essa doença infantil fruto da idolatria, que conta com a mesma idade, possui pífios 1% de nossa população. O Chiquismo, então, só possui importancia para os chiquistas - não para a imensa maioria do povo brasileiro.

Urge que façamos diferente e levemos o Espiritismo verdadeiro a esse povo, carente de esclarecimento e do consolo que só vem pela verdade.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

O Controle Universal do Ensino dos Espíritos - CUEE

NOSSO COMENTÁRIO: Esta parte é constantemente ignorada pelos "espíritas" brasileiros. E é a parte mais importante da doutrina, a que ajuda a nos proteger das enganações de espíritos pseudossábios que fizeram e ainda fazem um grande estrago na compreensão da doutrina.

Colocamos aqui para quem quiser ler e se esclarecer, se protegendo das farsas espirituais de todo tipo.

O Controle Universal do Ensino dos Espíritos - CUEE

Por Allan Kardec - Revista Espírita, abril de 1864

Já abordamos esta questão em nosso ultimo número, a propósito de um artigo especial – da perfeição dos seres criados. Mas ela é de tal importância, tem conseqüências de tal magnitude para o futuro do Espiritismo, que julgamos dever tratá-lo de modo mais completo.

Se a Doutrina Espírita fosse uma concepção puramente humana, não teria como garantia senão as luzes de quem a tivesse concebida. Ora, ninguém aqui poderia ter a pretensão fundada de possuir, ele só, a verdade absoluta. Se os Espíritos que a revelaram se tivessem manifestado a um só homem, nada garantiria a sua origem, pois seria preciso crer sob palavra naquele que dissesse ter recebido seu ensino. Admitindo de sua parte uma perfeita sinceridade, ao menos poderia convencer as pessoas de seu ambiente. Poderia ter sectários, mas não conseguiria jamais atrair todo o mundo.

Quis Deus que a nova revelação chegasse aos homens por uma via mais rápida e mais autêntica. Eis por que encarregou os Espíritos de a levar de um a outro polo, manifestando-se por toda parte, sem dar a ninguém o privilégio exclusivo de ouvir a sua palavra. Um homem pode ser enganado, pode mesmo enganar-se. Assim não poderia ser quando milhões de homens vêem e ouvem a mesma coisa: é uma garantia para cada um e para todos. Aliás pode fazer-se um homem desaparecer, mas não desaparecem as massas. Podem queimar-se os livros, mas não os Espíritos. Ora, se queimassem todos os livros, a fonte da doutrina não seria emudecida, por isso que não está na terra: surge por toda a parte e cada um pode aproveitá-la. Em falta de homens para a espalhar, haverá sempre Espíritos que atingem todo o mundo e ninguém os pode atingir.

Na realidade, são os próprios Espíritos que fazem a propaganda, auxiliados por inumeráveis médiuns que suscitam por todos os lados. Se tivessem tido um intérprete único, por mais favorecido que fosse, o Espiritismo seria apenas conhecido. Esse mesmo intérprete, fosse de que classe fosse, teria sido objeto de prevenções por parte de muita gente. Nem todas as nações o teriam aceitado, ao passo que os Espíritos se comunicam por toda a parte, a todos os povos, a todas as seitas e partidos, sendo aceitos por todos. O Espiritismo não tem nacionalidade. Está por fora de todos os cultos particulares, não é imposto por nenhuma classe da sociedade, pois cada um pode receber instruções de parentes e amigos de além túmulo. Era preciso que assim fosse, para que pudesse chamar todos os homens à fraternidade. Se, não tivesse colocado em terreno neutro, teria mantido dissenções, em vez de as apaziguar.

Essa universalidade do ensino dos Espíritos constitui a força do Espiritismo. Aí, também, está a causa de sua propagação tão rápida. Ao passo que a voz de um só homem, mesmo com o auxílio da imprensa, teria levado séculos antes de chegar a todos os ouvidos, eis que milhares de vozes se fazem ouvir simultaneamente em todos os pontos da terra, para proclamar os mesmos princípios, e os transmitir aos mais ignorantes, como aos mais sábios, a fim de que ninguém fique deserdado. É uma vantagem de que não gozou nenhuma das doutrinas até hoje aparecidas. Se, pois, o Espiritismo é uma verdade, nem teme a má vontade dos homens, nem as revoluções morais, nem os desmoronamentos físicos do globo, porque nenhuma dessas coisas podem atingir os Espíritos.

Mas se não é a única vantagem resultante desta posição excepcional, o Espiritismo aí encontra uma onipotente garantia contra os cismas que poderiam suscitar, pela ambição de uns, ou pelas contradições de certos Espíritas. Seguramente essas contradições são com escolho, mas que leva em si o remédio ao lado do mal.

Sabe-se que os Espíritos, por força da diferença existente em suas capacidades, estão longe de estar individualmente na posse de toda a verdade; que nem a todos é dado penetrar certos mistérios; que seu saber é proporcional à sua depuração; que os Espíritos vulgares não sabem mais que os homens e até menos que certos homens; que entre eles, como entre estes, há presunçosos e pseudo-sábios, que crêem saber o que não sabem, sistemáticos que tomam suas verdades; enfim, que os Espíritos de ordem mais elevada, os que estão completamente desmaterializados, são os únicos despojados das idéias e preconceitos terrenos. Mas sabe-se, também, que os Espíritos enganadores não tem escrúpulo em esconder-se sob nomes de empréstimo, para fazerem aceitas as suas utopias. Disso resulta que, para tudo quanto esteja fora do ensino exclusivamente moral, as revelações que cada um pode obter tem um caráter individual sem autenticidade. Que devem ser consideradas como opinião pessoais de tal ou qual Espírito, e que seria imprudente aceitá-las e promulgá-las levianamente como verdades absolutas.

O primeiro controle é, sem sombra de dúvida, o da razão, à qual é preciso submeter, sem exceção, tudo quanto vem dos Espíritos. Toda teoria em manifesta contradição com o bom senso, com uma lógica rigorosa e com os dados positivos que se possuem, por mais respeitável que seja a sua assinatura, deve ser rejeitada. Mas esse controle é incompleto em muitos casos, por força da insuficiência das luzes de certas pessoas e da tendência de muitos a tomar seu próprio julgamento por único árbitro da verdade. Em tal caso, que fazem os homens que não tem absoluta confiança em si próprios? Seguem a opinião do maior número e a opinião da maioria é o seu guia. Assim deve ser a respeito do ensino dos Espíritos, que nos fornecem, eles próprios, os seus meios.

A concordância no ensino dos Espíritos é, pois, o melhor controle, mas ainda é preciso que ocorra em certas condições. A menos segura de todas é quando um médium interroga, ele próprio, a vários Espíritos sobre um ponto duvidoso. É evidente que se estiver sob o império de uma obsessão e se tratar com um Espírito enganador, este lhe pode dizer a mesma coisa com nomes diversos. Também não há garantia suficiente na conformidade obtida pelo médiuns de um mesmo centro, pois podem sofrer a mesma influência. A única séria garantia está na concordância que exista entre as revelações espontâneas, feitas por grande número de médiuns estranhos uns aos outros e em diversas regiões. Compreende-se que aqui não se trata de comunicações relativas a interesses secundários, mas do que se liga aos princípios da mesmos da doutrina.

Prova a experiência que quando um princípio novo deve ter a sua solução, é ensinado espontaneamente em diversos ponto ao mesmo tempo e de maneira, senão na forma, ao menos no fundo. Se, pois, a um Espírito agrada formular um sistema excêntrico, baseado em suas próprias idéias e fora da verdade, podemos estar certos que o sistema ficará circunscrito e cairá ante a humanidade das instruções dadas por toda a parte, como já houve vários exemplos. É essa unanimidade que faz caírem todos os sistemas parciais, nascidos na origem do Espiritismo, quando cada um explicava os fenômenos à sua maneira e antes que fossem conhecidas as leis que regem as relações entre o mundo visível e o invisível.

Tal a base em que nos apoiamos quando formulamos um princípio da doutrina. Não o damos como verdadeiro por ser conforme as nossas idéias; não nos colocamos absolutamente como árbitro supremo da verdade e a ninguém dizemos: "Crede nisto porque o dizemos". Nossa opinião, aos nossos olhos, não passa de opinião pessoal, que pode ser justa ou falsa, desde que não somos mais infalível que qualquer outro. Também não é porque um princípio nos é ensinado que para nós é a verdade, mas porque recebeu a sanção da concordância.

Esse controle universal é uma garantia para a futura unidade do Espiritismo e anulará todas as teorias contraditórias. É aí que, no futuro, será procurado o critério da verdade. O que fez o sucesso da doutrina formulada no Livro dos Espíritos e no Livro dos Médiuns é que por toda parte cada um pode receber dos Espíritos, diretamente, a confirmação do que eles encerram. Se, de todos os lados, os Espíritos tivessem vindo contradize-los, de há muito esses livros teriam tido a sorte de todas as concepções fantásticas. O próprio apoio da imprensa não os teria salvo do naufrágio, ao passo que, privados desse apoio, nem por isto deixaram de fazer um caminho rápido, porque tiveram o dos Espíritos, cuja boa vontade compensou com sobra a má vontade dos homens. Assim será com todas as idéias emanadas dos Espíritos ou dos homens que não puderem suportar a prova do controle, cujo poder ninguém poderá contestar.

Suponhamos, pois, que apraza a certos Espíritos ditar, sob um título qualquer, um livro em sentido contrário. Suponhamos mesmo que, numa intenção hostil, e visando desacreditar a doutrina, a malevolência suscitasse comunicações apócrifas. Que influência poderiam ter esses escritos, se são desmentidos de todos os lados pelos Espíritos? É da adesão destes últimos que seria necessário assegurar-se, antes de lançar um sistema em seu nome. Do sistema de um só ao de todos há uma distância da unidade ao infinito. Que podem mesmo todos os argumentos dos detratores sobre a opinião das massas, quando milhão de vozes amigas, partidas do espaço, vem de todos os pontos do globo e no seio de cada família, os bater na brecha? Sob esse ponto a experiência já não confirmou a teoria? Em que se tornaram todas as publicações que se diziam vir aniquilar o Espiritismo? Qual a que lhe deteve a marcha? Até hoje a questão não tinha sido encarada sob este ponto de vista, sem dúvida um dos mais sérios. Cada um contou consigo, mas não com os Espíritos.

Ressalta de tudo isto uma verdade capital: é que quem quer que quisesse atravessar-se contra a corrente das idéias estabelecidas e sancionadas, poderia bem causar uma pequena perturbação local e momentânea, mas nunca dominar o conjunto, mesmo no presente e, ainda menos, no futuro.

Ressalta, ainda, que as instruções dadas pelos Espíritos sobre pontos da doutrina ainda não elucidados, não poderia constituir lei, enquanto ficassem isoladas. Consequentemente, não devem ser aceitas senão com todas as reservas e a título de informação.

Daí a necessidade de dar à sua publicação a maior prudência. E, no caso se julgasse dever publicá-las, importa não as apresentar senão como opiniões individuais, mais ou menos prováveis, mas tendo, em todo o caso, necessidade de confirmação. É essa confirmação que se deve esperar, antes de apresentar um princípio como verdade absoluta, se não quiser ser acusado de leviandade ou de irrefletida credulidade.

Em suas revelações, os Espíritos superiores procedem com extrema sabedoria. Só gradativamente abordam as grandes questões da doutrina, à medida que a inteligência se torna apta a compreender verdades de uma ordem mais elevada, e que circunstâncias propícias para a emissão de uma idéia nova. Eis porque, desde o começo, não disseram tudo e ainda hoje não o disseram, jamais cedendo à impaciência de criaturas muito apressadas, que querem colher os frutos antes de sua maturidade. Seria, pois, supérfluo querer precipitar o tempo marcado a cada coisa pela Providência, porque então os Espíritos realmente sérios positivamente recusam o seu concurso; mas os Espíritos levianos, pouco se incomodando com a verdade, a tudo respondem. É por isso que, sobre todas as questões prematuras, sempre há respostas contraditórias.

Os princípios acima não são fruto de uma teoria pessoal, mas a conseqüência forçosa das condições em que se manifestam os Espíritos. É evidente que se um Espírito diz uma coisa de um lado, enquanto milhões dizem o contrário alhures, a presunção de verdade não pode estar com aquele que é o único ou mais ou menos de sua opinião. Ora, pretender ser o único a ter razão contra todos seria tão ilógico da parte de um Espírito quanto da parte de um homem. Os Espíritos verdadeiramente sábios, se não se sentem suficientemente esclarecidos sobre uma questão, jamais a resolvem de maneira absoluta. Declaram não a tratar senão de seu ponto de vista, e aconselham mesmo a esperar-se a sua confirmação.

Por mais bela, justa e grande que seja uma idéia, é impossível que, desde o começo, alie todas as opiniões. Os conflitos daí resultantes são conseqüência inevitável do movimento que se opera. São mesmo necessários para melhor destacar a verdade, e é útil que ocorram no começo, para que as idéias falsas sejam mais prontamente desgastadas. Os espíritas que concebessem alguns temores devem, pois, ficar perfeitamente seguros. Todas as pretensões isoladas cairão pela força das coisas, ante o grande e poderoso critérium de controle universal. Não é à opinião de um homem que se aliarão, é a voz unânime dos Espíritos. Não é um homem, nem nós mais que outro, que fundará a ortodoxia espírita; também não é um Espírito vindo impor-se a quem quer que seja: é a universalidade dos Espíritos, comunicando-se em toda a terra, por ordem de Deus. Aí está o caráter essencial da doutrina espírita. Aí está a sua força e a sua autoridade. Deus quis que a sua lei se assentasse numa base inabalável, e, por isso, não a assentou sobre a cabeça frágil de um só.

É perante esse poderoso areópago, que nem conhece grupelhos, nem as rivalidades invejosas, nem seitas ou nações, que virão quebrar-se todas as oposições, todas as ambições, todas as pretensões à supremacia individual; que nós mesmos nos quebraríamos se quiséssemos substituir os seus soberanos desígnios por nossas próprias idéias; ele é o único que resolverá todas as questões litigiosas, que fará calarem-se as dissidências e dará ou não razão a quem de direito. Ante esse imponente acordo de todas as vozes do céu, que pode a opinião de um homem ou de um Espírito? Menos que a gota d’água que se perde no oceano, menos que a voz da criança, abafada pela tempestade.

A opinião universal, eis, então, o juiz supremo, o que se pronuncia em última instância. Ela se forma de todas as opiniões individuais. Se uma delas for verdadeira, terá apenas o seu peso relativo na balança. Se for falsa, não pode triunfar sobre todas as outras. Neste imenso concurso os indivíduos se apagam, e aí está um novo cheque para o orgulho humano.

Esse conjunto harmonioso já se desenha. Ora, este século não passará sem que resplandeça em todo o seu brilho, de maneira a fixar todas as incertezas. Porque, daqui para a frente vozes poderosas terão recebido a missão de se fazer ouvir para aliar os homens sob a mesma bandeira, desde que o campo seja suficientemente trabalhado. Enquanto espera, aquele que flutuasse entre dois sistemas opostos, pode observar em que sentido se forma a opinião geral; é o índice certo do sentido no qual se pronuncia a maioria dos Espíritos sobre os diversos pontos em que se comunicam. É um sinal não menos certo de qual dos dois sistemas triunfará.